domingo, 22 de setembro de 2013

A PERCEPÇÃO DA VERGONHA

Dia destes, estava na fila do caixa de um mercado observando as revistas expostas nas gôndolas que margeiam a fila.

Fácil notar, pelos títulos, os temas que dominavam as capas, então, também os teores internos das mesmas:
  • fulana descobriu que fulano a traía com beltrana e com gisgimundo;
  • sicrano vai fugir com raremunda, esposa do gisgimundo; 
  • Suzimunda é covardemente descriminada: porque quer abortar a consequência indesejada da aventura amorosa.
E adiante...
Sobre novelas.
Ciências, reportagens isentas e sérias?

Num instante, o primeiro pensamento de contrariedade: o desperdício de celulose.
No segundo: o pensamento de revolta que sentiria Gutenberg se visse à que serve a sua tipograifa



Só então, o terceiro pensamento.
A autocensura, contrariado que fiquei, por não perceber em primeira instância, o mal maior.
O único e verdadeiro prejuízo; este irreparável.

O círculo negativista e vicioso a que estas revistas, também, e principalmente as novelas e programas das televisões, pertencem. Auto-alimentados que são com a sanha destruidora das mentes.
Formadores de zumbis intelectuais.

Não mais, apenas dos jovens. Adultos e idosos inclusive.

Já ouvi, em rodas de conversas sociais, onde imaginei que teria muito a aprender, pois faziam parte, pessoas que se consideram da elite culta, dialogando exatamente sobre as novelas:
-        “São retratos da sociedade”.  Todos concordavam.

Menos o pária: Eu!
Não! As cenas de novelas, não são retratos da sociedade, mas são sim os protótipos a serem copiados e os modelos a serem imitados.
As novelas estão na vanguarda, são baluartes, os moldadores de costumes. Elas criam, usando as poucas, se não totalmente nulas, capacidade crítica das pessoas.

Representam novas moralidades e novas éticas?
Não! Também, não. 
Não são formadoras de novas normas morais e nem de éticas.
O que promovem é a destruição das estruturas existentes! Bem como o fazem os noticiosos, a maioria dos programas de costumes, os programas policiais, grande parte dos programas de entrevistas,...

Enfim as mensagens embutidas no retângulo do vídeo: as cenas das novelas e os diálogos são os moldes comportamentais à serem reverberados pelos néscios, que se imaginam a elite cultural.
Depois, vividos pela imensidão de tolos.

E, eles seguem adiante, nas pavorosas profundezas das suas analises conjunturais.
Discutem a imensidão existencial na declaração de tal personagem pública a respeito da sua devassada vida privada.

Acham-se bem informados sobre a política econômica.
Acreditaram piamente no que as Mirian’s disseram nos jornais:
-        A inflação está sobre controle”.
Ora bolas!
Mas se existe febre, que saúde há?!
Se há inflação, que controle têm?!

Quanto a mim?
Vergonhosamente, tenho de reconhecer, não estou tão afastado dos estultos.
E me penalizo.

Lá na fila do mercado, só num terceiro momento que fui perceber as verdadeiras desgraças que aquelas revistas propagam. 

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